14 agosto, 2015

Música e memórias

É curioso como música nos traz recordações. Boas, nem tanto assim, ruins.
Ouvindo uma agora, lembrei de uma mulher. Deixou o noivo, tomou coragem e veio falar comigo de uma paixão.
Durante a conversa fez tocar a música que ouço agora. Diz o que ela queria dizer. Era um começo de algo que nem aconteceu.
Eu até troquei com ela uns beijos e digo: se tivesse sido bom poderia até ter chegado ao que ela queria.
Não foi. Ficou apenas para a memória quando ela ouve a canção.

11 fevereiro, 2015

Alegria da minha vida

11 de fevereiro de 2015.
Quantos serão os dias, meu amor, as horas para ter de novo seu sorriso, seu abraço, seu carinho, seu beijo, seu cuidado?
Você é a alegria dos meus dias, o meu carinho, o meu amor, a minha razão de caminhar.
Agora você está aí, em uma maca de U.T.I., sedada, tão perto, mas tão longe. É como se tivessem apagado por esses momentos a minha luz. Não durmo, mas sonho com sua volta, com seu despertar, com sua voz chamando "pai" mil vezes em um dia.
Eu te amo, pai! Eu adoro ouvir isso.
Volte logo, filha! Acenda logo essa luz, de dia ou de noite, mas logo. É muito triste ficar sem você. É muito triste ficar sem minha alegria, sem minha emoção, sem calor.
Ah, minha pequena, minha florzinha, como eu amo e preciso de você!

20 dezembro, 2014

Companheiros

Para início de conversa, tiro meus irmãos da história.
Minhas lembranças começam em Juiz de Fora, onde nasci e cresci nos meus primeiros seis anos. Elerson - e nem sei ao certo se é essa a grafia correta - foi meu primeiro companheiro. Sei que estávamos na mesma escola e bricávamos sempre juntos.
Marco Antonio foi meio imposto por nossas mães. Filho único, precisava de alguém que estivesse com ele. Sofria certa discriminação, mas que até se justificava: era um pouco estranho e distante. Talvez se sentisse excluído porque era o gordinho da turma.
Nesse mesmo tempo, Ricardo e Toninho. Ricardo era como o Marco, filho único que os pais paparicavam. Para que não estivesse só, eu era levado a vários passeios, cinema e coisas assim. Mas eu gostava mais mesmo era do Toninho. Sempre foi o mais chegado, ele e o Paulo de quem lembrei só agora.
Houve também o outro Paulo, o loiro. Perdeu os pais em um mesmo acidente. Sempre me lembro dele quando vejo seu sobrenome em uma loja lá no centro ou quando passo em frente ao Osnyr Hamburger. Não me esqueço de quando me pagou um lanche de lá. Imagine, dois meninos apenas em uma lanchonete e um deles pagando a conta. Inesquecível.
No colegial, Marcello. Éramos quase sempre vistos juntos e até depois, já com Iara e Graziela na história. Anos depois encontramo-nos, eu com o mesmo calor e sentimento, ele distante pelos anos que passaram.
Johnny se afastou depois que comecei a namorar com a mesma Cláudia que o havia dispensado, mas era um bom companheiro. Fiquei com o Marcelo e o Milton. Passamos juntos, bem juntos, todos os anos da faculdade.
José Antonio era meio seco, mas nos divertíamos muito. Marcos foi bem próximo também, mas dessa época o mais chegado foi o Pérsio. Talvez esse seja o símbolo maior desse texto.
Depois vieram Cadu e Rodrigo, nessa ordem. Solitário e chegado depois, Rafael. Três garotos, de uns anos distantes da minha idade.
Amaral, meu amigo jornalista. Turra, da mesma época.
Foram-se todos. Passaram pela minha vida e eu os amei como a irmãos.
Agora voltando a eles, excluídos no início do texto, foram cada um a seu tempo os meus mais próximos amigos.
Hoje tenho Gabriela, minha filha e companheira fiel. Espero que não se vá com o tempo e que, como diz a música, não me esqueça num canto qualquer.
Para terminar, sexo só é bom quando a mulher quer. Antes do ponto final: ela pode querer por estar mesmo querendo ou pode ser instigada a querer, não? É.

23 maio, 2014

Minha filha: será mais uma blogueira?

22 de maio de 2014

A irmã inventou de criar um blog, não público, mas um blog. Será um diário, como aqueles que ainda existem com cadeados.
Foi o passo para que a Gabi quisesse também criar o seu. Nem sabia o que era, do que se tratava, mas quis.
Ajudei, claro, depois de explicar o que é e o que poderia fazer e publicar.
Penso que irá para frente. Sinto que, como o irmão Lukas, tem a minha veia para gostar de arte. Gostam de criar, de desenhar, de escrever, de se expressar.
Ensino. Faço e refaço para que falem e escrevam corretamente. Quero que gostem de imaginar, de expor ideias, de estudar, de pesquisar o que não se sabe.
Gosto de pontuação. Gosto de ortografia.
Será blogueira a minha filha, o amor da minha vida?
Vá, filha, vá. Que muitas letras saiam de sua mente e fiquem registradas nessa rede, abertas para o mundo.
O início de tudo está aí: http://blogomundodagabi.blogspot.com.br/.
E eu? Estou feliz e pronto para acompanhar tudo, de camarote vip.

22 março, 2014

Pacata vida

22 de março de 2014.
Talvez a maioria viva seus dias com a mesma rotina. Acordar, preparar-se, sair para o trabalho, comer, trabalhar mais, voltar para casa, comer, assistir TV aberta, beber, banhar-se, dormir. Preparar o almoço, o jantar, as crianças, comprar o que dá e nem sempre o que se precisa. Conversar com o vizinho, com o colega de trabalho, rir, compartilhar preocupações, chorar. Não, chorar é íntimo. Não se chora na frente de qualquer pessoa.
Filmes mostram a realidade. A realidade que corre lá fora, pelas ruas, becos, bares, quartos. A realidade é loucura que a cada dia cresce mais. Presos, bandidos, traficantes, prostitutas, sequestradores, assaltantes, médicos, advogados, publicitários e quantos mais vivem dias diferentes. Lidam com dor, sofrimento, lágrimas, desejos, sonhos. Vivem o que não vive a maioria da pacata vida. Seu espaço é maior. Também sua malícia, sua maldade, sua esperteza, seus horizontes de pensamento, lógica, raciocínio, planos.
Que louca é a vida. Que louco e mau é o homem.
E nós, os mais simples dos mortais, sim, nós da pacata vida, nem sequer sonhamos com o que há lá fora. Saímos, andamos ao lado, passamos por uns e outros, esbarramos e nem imaginamos o que vivem, o que fazem, o que falam, para onde vão e de onde vem. Se olharmos nos olhos talvez reconheçamos uma aflição, um sofrimento, um desespero, uma tensão, uma maldade, uma raiva. Olhar nos olhos, porém, pode ser perigoso, ameaçador. Pode nos tirar em alguns segundos da rotina. Pode nos envolver em uma história diferente.

15 setembro, 2012

Mesmos passos

15 de setembro de 2012.
Não posso dizer que o amor é seletivo, que seleciona apenas uma parcela do mundo para que o viva. Não. Ontem mesmo passei pela avenida Paulista e bem ali no canteiro central, no meio do trânsito das vinte e duas horas, um casal sorria para a câmera em fotos que comporão seu álbum de casamento. Fiquei pensando: "sejam felizes". Até quando? Incalculável, medida desmedida, sujeito a margens de erro.
Não disse antes, mas já me fiz entender: falo do amor entre homem e mulher. Existe, eu acredito. Eu já amei e já pensei que amava. Já fiz de tudo, já me entreguei, me joguei... Machuquei também. Abri mão de ideias, de pensamentos, de princípios até. Abri mão de vontades, de relações. Foi acerto e foi erro. Vejo hoje que foi mais erro que acerto. Segui os mesmos passos que julgo ter caminhado minha mãe. Sim, e cheguei ao mesmo extremo. Terminarei, quem sabe, melancólico.
Li e publiquei em outro espaço, dia desses, sobre um pensamento e um modo de vida diferente. Um dia, o sujeito chegou a uma determinada conclusão, encarou a realidade e não recuou, não se anulou. Seguiu por aquele caminho, mesmo que contrário a tudo o que seja considerado normal e aceitável. Ponto. 
Mas, voltando ao amor, o de pai para filhos talvez seja o mais forte que se possa viver, sentir, narrar. Talvez seja o que preenche melhor a vida, aquele que alimenta, que alegra. Por ele pode-se dizer "eu me entrego". Filhos também decepcionam, entristecem, preocupam, mas será que quebram o amor de pai? Sim, sei que sim dado a grandeza do mundo, da enormidade da população. Sei que há pais de coração quebrado. Eu, porém, amo meus filhos. Os três, muito, demais. É o amor que me sustenta, que me emociona, que me faz sorrir e querer viver mais.

14 junho, 2012

Mão de Deus

14 de junho de 2012.
Voltava pela 23 de Maio e de súbito resolvi me desviar do caminho para abraçar e beijar meus pais e meu avô.
Minha mãe disse que se eu tivesse chegado cinco minutos antes não os encontraria em casa. Meu pai amanheceu ruim, estava ainda na cama e não atenderia a campainha.
Meu avô cortara o cabelo. Estava com boa aparência, mas cansado. Minha mãe já preparava-se para lhe dar um banho.
Quando subi para ver meu pai, encontrei-o no banheiro, ruim, meio zonzo, com um embrulho no estômago. Ruim. Ajudado no caminho até o quarto, deitou-se novamente. Minha mãe pediu para que eu ficasse um pouco com ele até que ela desse o banho no meu avô.
Eu passara por ali apenas rapidamente, para revê-los e lhes dar um pouquinho de carinho. Mas foi necessária a minha presença. Quase que apenas para companhia, mas foi necessária. Ouvi minha mãe dizer que foi Deus que me enviara naquele momento. Ela precisava de uma ajuda.
Deus, em Sua bondade, em Sua onipresença, em Sua onisciência, colocou-me ali para ajudar minha mãe. E que forças ela precisa ter! E que forças Deus tem lhe dado!
Saí entristecido com o quadro que vi. Pai e avô precisando de cuidados. Apenas minha forte mãe para lhes suprir as necessidades.
Deus Pai, continue, por favor, a abençoar a minha mãe. Obrigado pelo Seu cuidado.

02 junho, 2012

Apenas um pequeno detalhe


2 de junho de 2012
Mesa de trabalho, materiais diversos, pó, restos de tecido, de couro, de papelão... Vários estiletes, largos e estreitos. Prefiro os largos para a maioria das tarefas. Um dia, um deles travou. Mexi e remexi com pressa. Troquei de estilete. O segundo, após um tempo, travou também e o que fiz foi o mesmo que da primeira vez. Foi mais fácil trocar de ferramenta.
Troquei de marca tempos depois e encostei num canto aqueles primeiros.
Ontem, depois de procurar o meu estilete cinza e de não o encontrar, lancei mão do velho azul. Trabalhei, trabalhei e, de repente, travou. Procurei novamente o cinza. Nada. O jeito era tentar destravar o azul para continuar meu afazer. Sempre com pressa, simplesmente deixei a lâmina solta no trilho após umas duas tentativas de destravamento.
Pronto. Terminei o trabalho e relaxei na cadeira. Quando olhei para o estilete, pensei em descobrir qual era o meu problema. Desmontei, montei, tentei o movimento da peça que prende a lâmina sem que ela estivesse ali. Tudo andava corretamente. Então, qual era a solução?
Investi no Google. Digitei ali a marca e o modelo do meu produto. Digitei junto a palavra “destravar”. Li rápido o que me foi apresentado, mas não satisfazia minha questão.
Voltei ao estilete e conscientemente me tranqüilizei para estudar o assunto. Calma parecia ser uma parte da resposta. Pronto! Em segundos encontrei o que estava fazendo a diferença: um encaixe da lâmina em seu “prendedor”. Uma aba minúscula que deve ficar sobre a lâmina e não debaixo dela. Fácil. Rápido. Apenas um pequeno detalhe.
Parei para pensar um pouco na vida. Eu, de vez em quando, faço isso, e deveria fazer mais vezes. Eu sempre, ou quase sempre, comparo esses pequenos problemas com o que enfrentamos no dia-a-dia, com pessoas envolvidas. Eu penso que devo aprender com a observação.
O que aprendo dessa vez são coisas como paciência, parar e sair do corre-corre para alguns momentos mais tranqüilos, observar cada detalhe, tratar do assunto e não simplesmente esquecer e deixar de lado. Uma coisa pequena, às vezes uma pequena atitude ou palavra, pode mudar o final da história.

08 abril, 2012

Usurpar


8 de abril de 2012.
“Nada se cria, tudo se copia”. Procurar o autor da frase parece um pouco difícil, embora seja uma frase muito falada e conhecida. A Wikipedia cita o velho José Abelardo Barbosa de Medeiros, falando especificamente da TV.
Penso que criar é algo que, sim, existe. Há, sim, criadores. Cérebros funcionam, pensam, solucionam, encontram alternativas e caminhos, desenvolvem, realizam. Também há, sim, os copiadores.
Ser copiador, em si, não é errado. Penso que pode-se copiar e copiar pior, igual ou melhor. É possível adaptar para uma outra função. É possível melhorar o que é original para o mesmo fim. Copiar não é pecado. Pecado é usurpar.
Usurpar, segundo o Aurélio, é apossar-se à força, ou por fraude, de. Usurpar é exercer indevidamente.
Se a criação não é sua, não se diga autor. Você pode ser o autor daquela obra, mas não da criação. Assumir-se como autor de uma criação deveria ser algo mais sério, mais pensado, mais responsável. É muito fácil dizer e posar de majestade.
Quando se copia, melhor divagar na resposta quanto à autoria. Melhor dizer que inspirou-se em outros objetos de pesquisa. Melhor não usurpar. 

14 fevereiro, 2012

Momentos (inesquecíveis) da vida

13 de fevereiro de 2012.
Penso que muitas pessoas perdem momentos que podem ser inesquecíveis. Perdem por não ter paciência, ou por estarem com pressa, ou por querer ditar regras sisudas para a vida, ou... sei lá! Perdem!
Anos atrás, talvez há uns dezoito anos, meu filho mais velho me acompanhava, como todos os dias, na hora de eu fazer a minha barba. Não resistiu e pediu:
- Pai, posso fazer a barba junto com você?
Pensei rápido e tirei do armário um aparelho descartável. Mantive a tampa de plástico que protege a lâmina e dei a ele recomendando cuidado. A espuma de barbear era fraca e enchi sua mão para que ele a espalhasse no rosto. Seu sorriso, a alegria do momento é inesquecível. Passou depois o aparelho sobre o rosto, retirando a espuma como eu fazia.
Outros pais tem a capacidade de não viver isso. Simplesmente dizem não, dizem que aquilo é coisa de adulto, dizem qualquer outra coisa.
A cena foi gravada em vídeo. Deve ter se perdido com minha separação do primeiro casamento. Deve ter se perdido em algum lixo ou com o mofo do tempo sobre a velha VHS.
Hoje eu fazia minha barba. Gabriela, hoje com cinco anos (e penso que o Lukas naquela época tivesse lá os seus quatro), quando me viu jogar espuma na mão me pediu:
- Pai, posso passar a espuma em você?
A espuma da vez tem mais mentol do que a primeira. Os olhos podem arder um pouco e eu recomendei a ela cuidado, enquanto espalhava o produto em sua mãozinha. Abaixei-me e dei-lhe o rosto. Ah, aquele sorriso, aquela alegria! Inesquecível! Bom demais!
Os vídeos podem se perder, mas a memória vai comigo até a morte. Amo demais meus filhos.

12 fevereiro, 2012

Experiência

12 de fevereiro de 2012.
Publiquei ontem no Twitter, mas resolvi deixar registrado por aqui.


Chega o dia em que eu percebo que aprendi muito na vida. Aprendi a fazer a "leitura" das situações. Aprendi a enxergar além do que vejo. Aprendi a entender as entrelinhas do texto. Aprendi a pensar antes e agir um pouco menos, pelo menos, por impulso. #Aprendi, mas não tudo...

20 janeiro, 2012

No way


Garotos II - O Outro Lado
Leoni

Seus olhos e seus olhares
Milhares de tentações
Meninas são tão mulheres
Seus truques e confusões
Se espalham pelos pêlos
Boca e cabelo
Peitos e poses e apelos
Me agarram pelas pernas
Certas mulheres como você
Me levam sempre onde querem
Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu
Sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só garotos
Seus dentes e seus sorrisos
Mastigam meu corpo e juízo
Devoram os meus sentidos
Eu já não me importo comigo
Então são mãos e braços
Beijos e abraços
Pele, barriga e seus laços
São armadilhas e eu
não sei o que faço
Aqui de palhaço
Seguindo seus passos
Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só garotos....
São só garotos....
Se espalham pelos pêlos
Boca e cabelo
Peitos e poses e apelos
Me agarram pelas pernas
Certas mulheres como você
Me levam sempre onde querem
Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu
Sempre tão espertos
Perto de uma mulher
Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu
Sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só garotos...
Perto de uma mulher
São só garotos...
Perto de uma mulher
São só ... garotos...

No way, meu filho, quando ouço a música eu me lembro sempre de você. Saudades.

16 dezembro, 2011

Confesso

16 de dezembro de 2011.
Confesso que ando meio triste. Aparentemente, sem motivos. Bate, simplesmente, uma espécie de depressão. Sinto-me só. Penso no que me incomoda, vasculho, e vejo que não é tão difícil de encontrar a resposta. Falta um tempo que seja meu. Trabalho muito, sirvo, faço. Meu tempo só pode acontecer enquanto os outros dormem. Tenho que me sacrificar, dormir muito pouco, menos ainda do que já durmo, ou dormir nada para que estes momentos existam.
Sinto-me feliz com a companhia da Gabriela, com o tempo que passamos juntos. Ela é muito minha companheira. Ou pede para que eu fique com ela, ou fica comigo. Esquece o pai apenas quando está brincando na vila com as outras crianças. Mas em casa, ah, é só pai. Brincamos, assistimos desenhos animados, desenhamos, tomamos banho, comemos... Juntos, sempre juntos enquanto eu não trabalho. Eu adoro. É claro que eu adoro. É um tempo valiosíssimo, maravilhoso, importantíssimo. É o tempo em que ensino. É um tempo em que aprendo, me divirto, me sinto pai, me sinto amado e amando. É lindo.
Voltando, porém, ao meu tempo, digo que também preciso dele. Quase não o tenho, porém. Sinto falta de lazer, de ler, de um filme na TV, de esporte. Sinto falta de sair para olhar a natureza, o concreto... Sinto falta de fotografar, de escrever. Sinto falta de outro carinho além do fraterno. Sinto falta de rir e de sorrir.
Acho que é isso o que tenho a confessar.

03 dezembro, 2011

Hoje

3 de dezembro de 2011.
Na madrugada anterior eu já havia ficado preparando material até lá pelas cinco e pouco. Dormira pouco e tive um dia de ontem bem cheio de atividades, como sempre. Chegou a noite e eu estava apenas o bagaço. Depois de cochilar com a Gabi no puff, fomos ao banho e subi para dormir. Já eram duas, mas eu deixei para preparar meu material apenas hoje pela manhã. Programei meu despertador para as seis.
Quando levantei, vi que a Clau já adiantara para mim. Tudo em ordem, faltando apenas os cadernos de cinco kits de aula. Preparei. Ainda era cedo e fui para o banho da manhã. Uma delícia. Quentinho contra aquele friozinho matutino. Sim, apenas um friozinho, comparado ao dia de ontem. 
Tomei café na padaria. O preço de um copo de Toddy gelado está assustador, mas valeu a pena. Outra delícia do dia.
São oito e quinze agora e sairei às nove. Espero que o dia continue bom.
Saudades dos filhos. Não consegui falar com o Lukas esta semana. Tentarei mais tarde.
...
Ontem, através do Twitter, ouvi uma música da Karielle. Ela me arrepia, este é o termo. Procurei mais no You Tube e continuei na vibração. A Gabi chegou e ainda ouvimos Luan, Ivete, Marina e o Justin. Charlie e Lola foi a continuação até a minha cochilada. É maravilhoso ter a companhia da Gabriela, ficar juntinho, fazer carinho, dar beijos, dizer que amo.

19 novembro, 2011

Os meios e as mensagens


Os meios e as mensagens

18 de novembro de 2011

NELSON MOTTA - O Estado de S.Paulo
Na adolescência fui um leitor apaixonado de ficção científica, viajava para cidades futurísticas em astronaves interplanetárias com armas mortíferas, o radinho de pulso do Dick Tracy era o máximo da tecnologia, só depois viria o telefone com imagem dos Jetsons. Mas nunca li ou ouvi falar de nenhuma fantasia semelhante a uma caixinha chata com uma tela, um teclado e uma câmera, em que se falava com qualquer um no mundo inteiro, de graça, e ainda se via filmes, fotos e quadros, se ouvia a música que se quisesse, se lia e se dava opinião sobre tudo, se comprava o que o seu crédito suportasse. Seria absolutamente inverossímil e risível, sem nenhuma base científica, nem um adolescente idiota do final dos anos 50 acreditaria.
Na juventude distante fui um leitor entusiasmado de pensadores anarquistas, Bakunin, Proudhom, sonhando com um império da liberdade e da responsabilidade individual, com o fim do Estado como pai, mãe, patrão, ou religião. Para Proudhom, ser governado era "ser observado, fiscalizado, controlado, numerado, doutrinado, avaliado, punido, autorizado, taxado, explorado, corrigido, licenciado, comandado - sob o pretexto da utilidade pública - por criaturas que não têm o direito, nem a sabedoria e nem a virtude para isto".
Ainda vale o escrito, mas o que Proudhom pensaria no mundo da internet, com sua liberdade sem limites e sem controles do Estado, de monopólios ou burocracias partidárias? Os velhos anarquistas aposentariam as bombas e alistariam hackers libertários?
E Marx? E Freud? E Jung? Que teorias teriam desenvolvido em um mundo com essas liberdades e possibilidades, com o planeta todo interligado e interagindo, sem intermediários, como nem a mais delirante ficção científica ousou oferecer? O que escreveriam Machado de Assis, Eça de Queiroz e Proust com um Google? Que filmes o adolescente Glauber Rocha faria com uma câmera de celular? O que Camões, nas caravelas com seu laptop, postaria em seu blog Lusíadas.com, hospedado em uma nuvem à prova de naufrágio? Que Ilíadas e Odisseias Homero digitaria em seu tablete roubado dos deuses do Olimpo?

15 novembro, 2011

Memórias em metáforas


15 de novembro de 2011.

Bem ali, perto dos lagos gêmeos de claras águas, duas meninas brincam felizes. São irmãs. Uma pequena, uma nem tanto assim. Brinquedos, desenhos, estórias ocupam espaço no cotidiano da menor. A outra, como diz a música, já está enjoada da boneca, com aquele sinal de que o amor já chegou ao coração... Olha-se no espelho das águas, posa, dança, faz charme.
A erosão leva a terra aos poucos, cava sulcos que não existiam, degraus a serem transpostos. O caminho para leste ou oeste leva ao pé das montanhas. O algodão já começa a tomar conta ali de baixo e promete subir o morro. É sempre assim: o algodão toma o morro e quando se vê já é um belo tapete branco.
O tempo passa, vai embora, e nem se percebe. Os dias são vividos, as memórias ficam próximas e apenas os detalhes se perdem. Dia desses esqueci da sétima garota, a Maristela. Quase imperdoável. Tive que voltar e reescrever, acrescentando seu nome, é claro. Uma memória sem ela estava falha, faltando um pedaço que, ainda bem, depois encontrei. A Maristela também brincava com outras seis amigas perto daqueles lagos. Cantavam, dançavam, sorriam.
Ah, esses lagos gêmeos de claras águas!

08 novembro, 2011

Dois segundos

8 de novembro de 2011.


Olhamos para as pessoas na rua, para o movimento, para prédios, árvores... Especificamente quando olhamos pessoas, vemos que pessoas também nos olham. O olhar, porém, é interessante. Quando apenas se cruzam, acaba, parece que nem se registra na memória. Quando se cruzam e permanecem um no outro, outro no um, ah, aí deve ter havido alguma coisa diferente. Pode ser coisa de dois segundos, pouco mais talvez, mas quando se fixam os olhares... Algo chamou a atenção. Algo agradou.
Parece coisa de adolescente, mas acontece em qualquer idade ao que tudo indica...
Hoje aconteceu. Passou. Aqueles dois segundos, porém, perturbaram um pouco. Passou.

05 novembro, 2011

Escola de charme?

5 de novembro de 2011.
Existe alguma escola de charme?
Aquela menina que agora é moça passou por ela enquanto crescia.
Saiu linda, com andar de bailarina, óculos de sol, desfilando com o cachorrinho. 
Não eram ainda nove e meia da manhã.
Cena de início de dia ensolarado.  Encantadora.

03 novembro, 2011

Segundo o teste da Superinteressante...





2 de novembro de 2011.
Para ampliar e visualizar o conteúdo, clique sobre as imagens.
É. Segundo o teste de personalidade publicado pela revista Superinteressante, eu sou assim.
Eu adoro fazer teste, responder pesquisa... ver o resultado também, claro!
Parece que eu sou bonzinho mesmo.

28 outubro, 2011

Andei pensando

28 de outubro de 2011.
Andei pensando, observando, pensando mais.
Gente sem noção, funcionário mal treinado. Parei em um desses espaços de alimentação dentro de um mercado. Pedi um folhado de espinafre e uma Coca-Cola. A atendente pegou um pratinho quadrado de alumínio que ainda estava com água da última lavada e me serviu o salgado. Pedi um canudo para tomar a Coca. Ela deu as costas e voltou com um canudo nu na mão. Sim, nu, desses desprotegidos. Nada de canudo embalado. Veio mesmo na mão. E por onde havia andado aquela mão? Com o que estaria mexendo?
Normalmente não tenho frescura. Comi e bebi como se nada tivesse acontecido, mas que achei uma tremenda "sem noção" e mal treinada, ah, eu achei.
Outro assunto: as bermudinhas em alta na cidade. Se eu estivesse no Rio de Janeiro ou em qualquer cidade praiana, nada de novidades. Parece que é mais normal, parece que os homens ligam menos para as curvas femininas e para as roupas mais justas. É como paisagem: lugares onde passamos no cotidiano por vezes nem são observados. Está ali, todos os dias, e já faz parte do comum. Turista vê, admira, fotografa, guarda a lembrança, acha lindo. Pois é: paulistano não vê bermudinha todo dia. Quando chega o calor, é aquele desfile. Muita curva, acentuada para mais ou para menos, muita peça justa, muitas pernas em exposição. Pescoços viram, quase se quebram, trânsito fica mais perigoso... Ah, mulheres... Que coisa mais linda, mais cheia de graça.
O final do dia quente foi especialmente bonito. Céu azul, bem azul na capital paulista, e aquela lua, pedaço fino de lua, acompanhava a Estrela D´Alva. Enquanto escrevo, não tenho a imagem para postar, mas incluirei aqui logo, logo.
Estou cansado. Dormi pouco, muito pouco nas duas últimas noites. Muito trabalho, como sempre, e necessidades urgentes. Então, vamos!
Que coisa! Um mundo diferente logo ali ao lado e nem nos damos conta. Realidades não vividas, que passam longe até dos pensamentos, mesmo sendo sabidas ou teoricamente lógicas. Adolescentes e drogas, adolescentes e álcool. Descaso. Preguiça. Objetivos sem resultado, sem horizonte. Que merda! Irritante, mas ando fingindo que nem me atinge mais.
Gabriela, minha companheira de sempre. Aline, minha companheira de "papo de nós dois". Amo vocês. Aline, você está linda. Que linda! Tem apenas que tratar do gênio explosivo, resmungão, respondão.
Fico por aqui.

08 setembro, 2011

Memória palatal


8 de setembro de 2011.


Sempre quando passo em frente ao Centro Cultural de São Paulo, na rua Vergueiro, lembro-me do tempo em que trabalhava por ali por perto. Era meu primeiro emprego, numa agência de propaganda que não cabe aqui mencionar o nome. É, alguns lugares onde trabalhamos parece que desejamos para sempre esquecer... Apesar deste comentário, foi inevitável hoje me lembrar do Herbert, aquele maluco que me levou para a empresa. Conheceu-me certo dia, trocamos apenas algumas palavras e ele me convidou para ir para lá. A empresa nem era dele. A proposta, aliás, era que eu fosse sem ganhar qualquer salário ou ajuda de custo. O objetivo era apenas aprender, conviver com o cotidiano de uma agência, ganhar experiência em um lugar que era tudo o que qualquer estudante de publicidade gostaria. Fui. Nem um mês se passou e recebi a proposta para ficar de vez, para ganhar alguma coisa pelo meu trabalho. É claro que gostei e fiquei. O episódio da minha primeira demissão é que foi ruim. Foi uma demissão em massa do departamento de produção por uma greve branca planejada e executada.
Bem, mas lembrados os detalhes, voltemos à passagem pelo Centro Cultural. Ali em frente, em alguma dessas portas qua aparece na foto, provavelmente a de parede verde, funcionava um pequeno restaurante e lanchonete. Eu adorava almoçar por ali. Havia um sanduíche no prato maravilhoso, delicioso mesmo! Não sei qual era o segredo do prato, mas era diferente de tudo o que já comi na vida. Inesquecível. 
O tempo passou, não voltei mais lá, e tempos depois o local fechou. Creio que devem ter subsistido por alguns anos, mas fechou. No dia em que passei por lá e vi as portas cerradas, aquela cara de fim, lamentei. Ficou e fica apenas a memória palatal. Sim, esta sempre me visita. Basta passar por ali.

07 setembro, 2011

Independência ou morte!

7 de setembro de 2011.
A frase é bem sugestiva quando se pensa na data de hoje. É boa para reflexão e confesso que ando pensando muito no assunto.
Ontem fui comprar uma Coca, o que, aliás, faz parte do meu cotidiano, e o Zé Santana fez um comentário. O comentário veio, na verdade, porque antes da Coca peguei um Guaraná que a Gabi havia pedido.
- Ah, Guaraná! - e eu com o produto na mão. A expressão, assim mesmo com ponto de exclamação, saiu porque ele sabe que o que vou comprar não é aquilo. Foi uma expressão de surpresa, como se estivesse dizendo: puxa, hoje vai mudar!
Quando viu que peguei a Coca, murchou e continuou a fala:
- Você sabe que Coca é uma bebida que faz mal, né? Beber muito faz mal para os ossos...
- Fazer o que? É um vício!
- Pois é, vicia e vicia mesmo! Mas quando a coisa faz mal, aí é que as pessoas compram mais.
Pronto. Está aqui o ponto. É como outras bebidas, cigarro, drogas, e sei lá quantas coisas mais. Pessoas sabem que faz mal. Anúncios já são até obrigados a informar sobre o mal decorrente de alguns produtos. Mas as pessoas compram. Consomem. Tornam-se dependentes, viciadas.
A frase do Dom Pedro I não é simples. Há uma série de implicações por trás dela, relacionadas ao seu próprio contexto, logicamente, e há um amplo horizonte também por ela contemplado. Sim, os assuntos que podem ser a ela relacionados são vários e eu penso que, especialmente em relação aos vícios nossos de cada dia, deveríamos parar para pensar. Mais do que pensar, é preciso tomar uma atitude. Ponto final.

01 setembro, 2011

Um passeio em Curitiba

1 de setembro de 2011.


Em Curitiba pela primeira vez, fizemos hoje um passeio com as meninas. Fizemos, eu e Haroldo Luís, meu irmão querido.
As meninas se deram muito bem, muito mesmo. Enviei até um e-mail para o avô dizendo que são agora melhores amigas.
O céu estava azul, azul, azul! Lindíssimo. O azul contrastava com o verde das árvores e da grama. Um parque imenso, lindo!
Balanças foram a principal emoção e entretenimento. Voar até o céu! Mais alto, mais alto, pai! Uma delícia!
Muito bom ter um dia diferente, viver momentos de alegria, ver o sorriso das crianças.
Brinquei muito com a Gabi e com a Raquel. Divertiram-se. Mais tarde, na mesa do café da tarde, a Raquel levantou-se, veio ao meu ouvido e cochichou:
- Eu te amo!
Adorei, claro. Um eu te amo inesperado é sempre emocionante e inspirador. Um beijo, minha querida sobrinha!

27 julho, 2011

As duas do dia

26 de julho de 2011.


Começo pela segunda.
- Pai, quando eu crescer eu vou comprar o que você quiser. O que você quer?
Pensei um pouco e respondi:
- Eu quero uma cadeira de balanço e uma TV bem grande!
- Você vai dividir a cadeira?
- Ah, não! Eu quero só para mim! Você não pediu para dizer o que eu queria? Então eu quero só para mim!
- Então eu vou comprar duas.
Fiquei pensando em como ela é minha companheira. No real sentido da palavra. Eu e ela adoramos compartilhar nossas companhias.
Passou um tempo. O assunto foi embora. Voltei a pensar. Eu deveria ter acrescentado um ingrediente à minha cadeira e à minha TV. Poderia ter pedido para que a Gabriela distraísse a mãe. É, sem distração, a mãe não me deixará aproveitar a TV. Melhor: não distraia você a sua mãe. Fique comigo e arrume para ela algum entretenimento...


A primeira aconteceu antes, logicamente, mas para ficar boa a sequência do meu texto, melhor vir apenas agora.


- Amor, há quanto tempo estamos juntos?
- Nove anos.
- Nossa, tudo isso?
- Nove anos de felicidade...
Ela riu.
- Do que está rindo? Você não está feliz?
Continuou rindo.
- Se você não está feliz, não sei, não... Faz e desfaz, manda e desmanda, pisa e alisa.
Riu ainda mais. Dei as costas e fui para a padaria, para onde eu já estava mesmo me preparando para ir.


E a sequência? Não é mesmo melhor assim? O primeiro acontecimento não explica mesmo o segundo? Não tem mesmo que vir o segundo e depois, sim, o primeiro?
Ah, minha cadeira de balanço!...

21 julho, 2011

The first three words...

21 de julho de 2011, 3 horas e 12 minutos.
My three first words: fat, beautiful and lovely.
And I say: interesting. Um passatempo rápido e interessante. Qual será o embasamento?

07 julho, 2011

Oi, meu querido!


7 de julho de 2011.

Com esta frase, sempre, minha avó me recebia. Não, não era um privilégio só meu. Todos os netos a ouviam e sei, jamais esquecerão.
Minha avó faz parte das minhas melhores lembranças, mesmo nos poucos anos que passei em minha terra natal, Juiz de Fora.
Lembro-me da casa, do estreito corredor onde era estacionado o Fusca do meu avô. Lembro-me dos pés de chuchu, do galinheiro, da rampa para que chegássemos à cozinha.
Eu ia à feira de mãos dadas com ela. Descíamos a rua e passávamos em frente ao quartel. À tarde, era ela que me buscava na escola. Eu a apressava para que chegássemos logo em casa porque a Vila Sésamo me esperava.
Ela fazia o “molhinho da vó”, um combinado de molho de tomate com carne moída. Coisa simples, nada de especial a não ser pelo tempero. Não havia e não há igual. Nos muitos anos que me vieram depois, jamais encontrei algo sequer semelhante.
Na igreja eu tinha orgulho de vê-la lá na frente, cantando, ensinando gestos, contando histórias para as crianças. Histórias da Bíblia e histórias de meninos e meninas que aprendiam a viver com Jesus. Minha avó me contava histórias em casa também. Eram talvez mais especiais do que as que ouvia na igreja, mesmo sendo as mesmas histórias. Ali, na sala, no escritório ou no quarto, havia o calor da vó, o abraço, o tom mais carinhoso.
Ela guardava meu umbigo. Foi armazenado em um pequeno frasco de vidro e guardado por muitos e muitos anos. Talvez hoje ainda exista. Tinha a coleção de todos os netos. Sim, ela chamava de umbigo aquele resto de cordão umbilical que volta com o bebê da maternidade. Ela passou mercúrio cromo e cuidou até que caísse. Guardou a peça como um troféu, como uma lembrança de uma vitória, de um momento que lhe foi muito feliz.
Morreu no último dia primeiro. Chorei. Minha avó foi muito importante na minha vida.
Talvez dos netos eu tenha sido o único a não ir para a sua despedida. Justo eu, o primogênito. Assim ela sempre me chamava: primogênito. Ah, vó, eu não queria ver você morta. Desculpe a minha ausência, por favor.
Estou muito triste porque não mais ouvirei a sua saudação, mas agradeço a Deus pelos anos que lhe deu, por sua força, por sua alegria, por sua severidade até.
Adeus, minha querida!

25 junho, 2011

Adeus, Juiz de Fora

25 de junho de 2011.
Estava no trânsito de São Paulo e vi, ontem um e hoje outro, carros com placas de Juiz de Fora. É minha cidade natal. Há anos não vou para lá. Deve estar muito, muito mudada. Lembro rapidamente de coisas da minha infância, vagamente de lugares por onde passava, de alguns momentos vividos e até de algumas palavras ou nomes.
Hoje, porém, fiquei pensando que Juiz de Fora acabou para mim. Dias atrás eu soube que meus avós finalmente saíram de lá e vieram morar em Piracicaba, o que já não era sem tempo. Só hoje me toquei da realidade: se eu já não ia para lá tendo um motivo - meus avós, agora, então, é mesmo o fim. Talvez eu jamais volte para o meu berço. Visitar minhas primas? Dificílimo. Será mesmo apenas a naturalidade registrada em meus documentos.
Mudando de alhos para bugalhos, o trânsito nos traz sempre surpresas. Basta estar atento e nos deparamos com cenas ou figuras pitorescas. 
Na Santa Ifigênia, uma loja de som com um volume no talo. Pessoas, raras pessoas, ouvindo a música, já transformam a caminhada com sacolas em dança, em relaxamento, em diversão, em um pouco de lazer. Bom humor e desprendimento. Admirável! Desprendimento, então, nem se fale! É o que vale e o que diverte quem apenas assiste. Por desprendimento, neste caso, entenda-se não estar nem um pouco preocupado com o que outras pessoas pensem. Danço mesmo e pronto! Fora de contexto? O que é isso, meu camarada? Viva a alegria!
...
Adeus, Juiz de Fora. 

13 junho, 2011

Filhos

13 de junho de 2011.


"Então, filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem."
José Saramago


Parte do texto de uma apresentação em Power Point recebida por e-mail.

24 maio, 2011

Tio da Sukita



24 de maio de 2011.

Havia anos não nos encontrávamos. Estávamos com um pouco de tempo e resolvemos “tomar uma”. Eu, uma Coca, só para variar. Nunca fui muito chegado na tal da cervejinha.
Somos contemporâneos. Lembramos que os anos que passamos juntos foram... nem sabemos quantos. Aliás, essas conversas com gente da “nossa antiga” são péssimas quando nos lembramos que estamos falando de trinta, às vezes mais, às vezes pouco menos, anos atrás.
Conversa vai, conversa vem, chegamos nas meninas.
- Essas meninas, hein? Já percebeu? Você olha e pensa: puxa vida, outro dia era uma criança... Agora, esse mulherão!
- Ei, calma! De quem está falando?
- Outro dia encontrei um amigo com a filha. Eu vi aquela menina pequena, brincando no chão com as bonecas... Agora, nossa! Agora é que dá vontade de pegar no colo!
- Você pensa que ainda tem quinze anos? Olhe para você!
- Mas, olhe lá, aquela, por exemplo! Vai dizer que não é gostosa?
- Não são para você e nem para mim! São da garotada. Chegamos na idade do tio da Sukita!
- Mas olhe que coisinhas!
- Parece que sua cabeça continua lá, trinta anos para trás. Você está reagindo como naqueles anos em que paquerávamos, trocávamos olhares, chegávamos junto... Não vá me dizer que você ainda chega nessas meninas?
- Ah, não, né? Mas que dá vontade, dá! Ah, namorar uma menina dessas...
- O que é isso? Onde está com a cabeça? Caia na real! Nós já estamos com quarenta e cinco! Está querendo brincar de Anita?
- Você assistiu? Não me diga que uma história daquelas, um casinho daqueles, não seria delicioso? Acho que é um sonho de todo homem... Já pensou uma gatinha dessas louca por você?
- É, talvez você tenha razão. Talvez fosse muito bom, mas definitivamente não são mais para nós. Sim, lindinhas, com tudo em cima, cheias de curvas, com aquela pele macia, tudo lindo e gostoso, mas não são mais para você! Nem para mim! Acorde! O tempo passou!
- Você está é se achando já um velho...
- Não é nada disso. O Renato já dizia: você sabe quando está começando a ficar velho? Quando começa a achar as amigas do seu filho gostosinhas! Pois é! Chegou o tempo. Não precisa se achar velho, porque não somos, mas ficar sonhando com adolescente... Nem precisa ser adolescente, adolescente! Mesmo que seja de vinte, vinte e poucos! Não sonhe!
- Saiba que não sou só eu. Lembra-se daquela música? Menina, que um dia conheci criança, me aparece assim, de repente, linda, virou mulher... Cláudio Cavalcanti cantava. Eu tinha o disco. É, meu pai tinha o disco, LP.
Chegou a hora de irmos. Tínhamos tempo, mas não o dia inteiro. E as meninas, bem, estão aí, lindas, viraram mulheres mesmo. Sim, aquelas que conhecemos crianças. Tio da Sukita! Você já é um tio da Sukita!

20 maio, 2011

Palhaço triste



20 de maio de 2011.


Dia desses eu estava passando em frente à casa 7. Porta aberta em função da reforma, vi, entre vários quadros na parede da sala, aquele palhaço que um dia pintei.
Lembrei-me de meu avô. É na casa dele que está a minha tela. Pintei quando ainda era adolescente e tinha aulas com a dona Maria José. Fazíamos nossa obra daquele jeito e quando a dávamos por finalizada ela vinha com suas pinceladas mágicas. Um "retoque".
Tenho saudades de pintar, fazer algumas telas a óleo, mas nem sei se ainda saberia. Penso que tenho o dom, mas confesso que fico com minha ponta de dúvida. Afinal, aquele "retoque" da dona Maria José era nada mais do que a própria vida final do quadro.
A tela que retrata meu texto é de Edda Bettinzoli, encontrada na internet. A minha tela, com o mesmo personagem, tem um fundo mais azulado. Aliás, "as minhas". Acabei de me lembrar que há outra na casa do meu tio, meu padrinho.