16 dezembro, 2011

Confesso

16 de dezembro de 2011.
Confesso que ando meio triste. Aparentemente, sem motivos. Bate, simplesmente, uma espécie de depressão. Sinto-me só. Penso no que me incomoda, vasculho, e vejo que não é tão difícil de encontrar a resposta. Falta um tempo que seja meu. Trabalho muito, sirvo, faço. Meu tempo só pode acontecer enquanto os outros dormem. Tenho que me sacrificar, dormir muito pouco, menos ainda do que já durmo, ou dormir nada para que estes momentos existam.
Sinto-me feliz com a companhia da Gabriela, com o tempo que passamos juntos. Ela é muito minha companheira. Ou pede para que eu fique com ela, ou fica comigo. Esquece o pai apenas quando está brincando na vila com as outras crianças. Mas em casa, ah, é só pai. Brincamos, assistimos desenhos animados, desenhamos, tomamos banho, comemos... Juntos, sempre juntos enquanto eu não trabalho. Eu adoro. É claro que eu adoro. É um tempo valiosíssimo, maravilhoso, importantíssimo. É o tempo em que ensino. É um tempo em que aprendo, me divirto, me sinto pai, me sinto amado e amando. É lindo.
Voltando, porém, ao meu tempo, digo que também preciso dele. Quase não o tenho, porém. Sinto falta de lazer, de ler, de um filme na TV, de esporte. Sinto falta de sair para olhar a natureza, o concreto... Sinto falta de fotografar, de escrever. Sinto falta de outro carinho além do fraterno. Sinto falta de rir e de sorrir.
Acho que é isso o que tenho a confessar.