23 abril, 2010

Você parece gay


23 de abril de 2010.

O Eduardo conversou comigo pela primeira vez na semana passada. Papo bom, descontraído, animado sempre.
Hoje eu estava no meio da praça, lá na feira de artesanato, e ele lá de longe:
- Ô, mineiro! Tá estiloso hoje, hein?
- Eu? Por que?
- Esse sapato aí, parece holandês!
- Você sabe que eu demorei muito a assumir esse sapato... Eu achava...
- Meio gay! Não é? Achava meio gay!
- É.
- Você parece gay. Você é gay?
- Não.
- Pois é. Eu também pareço gay e não sou. Você não sabe o que eu levo de cantada... O pessoal me olha e pensa: "ô, esse magrão aí é gay!" - e me canta. É direto. Tanto gay homem quanto mulher...
E saiu andando, como na primeira conversa. Figuraça.

19 abril, 2010

Instantes

6 de abril de 2010.

Molhado de chuva. Sinto frio, apesar da jaqueta. Pés úmidos, talvez menos do que os tênis. Eles é que sentem. Justo no local onde estou é que a poça d´água se forma. Alguns produtos precisam de varal. As pernas estão pesadas, assim como os olhos após o pequeno período de sono. Cochilei. Poucos minutos, mas cochilei. Quando acordei, aquela calcinha cavada e enfiada na bunda me espreitava. Talvez estivesse ali me monitorando, rindo da minha fraqueza, da suposta fraqueza. Olhos interessantes. Perfumados. A água no chão e caindo do céu aumenta o espelho. Reflexos. São o que vejo. O rádio não me dá esperanças. Espero não adoecer. Preciso jogar na Quina. Torcer por ela e pela sena. Vou ganhar. Ponto. Meu olho esquerdo está dolorido e um pouco inchado. Pensei que ficará "amassadinho" como o da minha Gabi. Cada dia mais linda. Cada dia com mais do meu amor. Nossa, até minha cueca está molhada... Luz. Lâmpada forte acesa logo ali. Olho o relógio. Dez e quarenta e quatro. Fui dar uma volta. Onze horas e apareceu um rodo salvador. Puxei o excesso de água para fora do lugar dos meus pés. Há um tremor sob eles, como um grande tambor ritmado. O que será? Ajudei a dona da calcinha, comi uma Maxi Goiabinha que ganhei da Teca e voltei a escrever. Vento. A chuva deu uma trégua. Começou o Jornal de Esportes da Pan.

Dias de sonho

31 de março de 2010.

Aniversário do Sílvio. Também da minha tia. Meio maluco o Sílvio, mas tem um coração imenso. Eu o vi ajudado e ajudando. A mim mesmo, ajudou. Bem, os aniversários são apenas lembranças.
O coração pulou de emoção hoje quando vi a Stela. Poderia com ela ter ganho, de um dia para outro, uma bagatela considerável. Fico pensando que deveria ter arriscado mais. Investido. Até o que não tinha. Não fiz. Preferi o conservadorismo. Considerei dividir aquela bolada (e tentei). Não consegui caminhar muito. Apenas alguns passos e... travei. A história ficou apenas na minha história.
Ah, Stela, que pena! E você, será que mudou? Espero que sim, e como a primeira da fila, como desejava e tão decidida e convictamente afirmava. Espero ver você de novo, mesmo que de longe, como hoje.
Aqueles foram dias difíceis e, ao mesmo tempo, de esperança. Foram dias de sonho, de expectativa. Foram dias de treino da fé. E como é difícil crer naquilo que não se vê...

15 abril, 2010

A cereja do bolo

14 de abril de 2010.

Aconteceu no sábado, 10 de abril. Doceria. Gabriela foi ver a vitrina de bolos.
- Pai, eu quero aquela! - disse, apontando para a cereja do bolo.
- Não pode, filha, aquela cereja é do bolo, é da moça.
- Mas, mas... mas tá caída!