21 agosto, 2009

Sandy, você não pode...


21 de agosto de 2009.

Aconteceu na semana passada.
Aline e Felipe, irmãos da Gabriela, resolveram jogar Banco Imobiliário. A Gabriela também quis jogar. Diferentemente do que acontece quase sempre, não disseram a ela "você, não, Gabi! Você não sabe jogar! Você ainda é pequenininha!". Deixaram-na sentar por ali.
Na preparação do jogo, das peças, apareceu a Sandy, a cachorrinha maltês que temos aqui em casa. A Gabriela já foi mandando:
- Sai, Sandy, você não pode jogar! Você não tem mão!

13 agosto, 2009

Vida na bolha ou a era do medo


11 e 12 de agosto de 2009.

Tenho andado de ônibus. Uma linha light, de poucos passageiros. Dá para ir e vir sentado, tranqüilo, ouvindo meu radinho.
Estive no Hospital São Paulo como expositor de feira de artesanato. Estive ao ar livre mas, ali fora, sentia o clima de apreensão lá de dentro.
Poupatempo da Sé. Muita gente. Ambientes com o pé-direito alto, mas fechado. Uma grande câmara com ar um pouco viciado.
Metrô. Hospital das Clínicas. Multidão. Multidões. Aperto. Em pé no transporte, mão em qualquer apoio, em pé e sufocado nos elevadores. Máscaras, lenços, fraldas de pano. É possível se proteger? Como? Só se todos andarem mascarados! Só se chegarmos à realidade dos filmes que mostram o futuro. Cada um no seu casulo. Sem toque. Sem tato. Vida na bolha. Fim do abraço. Fim do beijo. Fim do sexo.
Como fugir de um vírus? Como saber onde ele está? É um inimigo invisível que pode invadir sem ser notado. Toma o palácio real. Dá um golpe no chefe do poder. Governa. E pode matar.
Um resfriadinho agora é visto quase como um crime. Também uma alergia matutina, daquelas que entopem narizes e mandam coriza. Tossir ou espirrar em público parece proibido. Falta apenas a placa de sinalização. Olhos se viram para o da tosse já com aquela expressão de preocupação ou condenação. E como saber onde está o vírus? Como segurar?
As notícias não revelam a realidade. Os casos nos hospitais são muito mais do que o que é permitido dizer. Para não gerar pânico na população - alega o governo bastidores afora.
O fato é que não dá para se proteger. Só Deus pode. A ação do vírus é louca, sem alvo certo. Não escolhe. Não vê cara, nem coração. Não vê homem, nem mulher, preto, nem branco, adulto, nem criança, velho, nem novo, magro, nem gordo. Ataca, simplesmente ataca em silêncio.
Entregar a Deus e confiar n´Ele. Mais nada pode ser feito. Nossa parte pode ser o uso de máscara, o lavar das mãos... E o que mais? Vida na bolha ou a era do medo. Se a Aids não segurou relações furtadas, quem sabe o H1N1?
Não há como controlar. A verdade é que não há.

06 agosto, 2009

Velho conhecido

6 de agosto de 2009.
Ele ficou ao meu lado, se não erro, por quatorze anos. Um amigo – diriam alguns. Um grande amigo – poderiam até dizer. Eu, porém, que vivi o cotidiano, digo que não passa de um colega ou talvez até um simples conhecido. Sim, porque amigo tem graduação. Amigo não é recruta, é marechal. Amigo quer e faz bem. Este, de quem falo, faz mal. Destrói. E estava sempre ali.
O Lukas pediu que eu o deixasse. O Sylas concordou. Respondi que sim. Quando o primeiro encontrou-me, tempo depois, perguntou. Eu ainda não o dispensara, mas sabia que era o melhor a fazer.
Um dia a Gabriela deu-me um abraço, um beijo e disse que me ama. Foi o motivo para eu largar aquele companheiro. Amor. Querer viver mais para ver, conviver com meus filhos. Amo demais os três.
Adeus, velho conhecido. Adeus.
Ele se foi. Foi, porém, bater na porta de quem primeiro me pediu que o deixasse. E entrou.
Descubra logo, meu filho querido, que o abraço que recebeu pode ir embora. Deve ir. Não vale a pena esta companhia. Viva. Viva mais. Viva feliz. Eu amo você.