24 janeiro, 2007

Gabriela


24 de janeiro de 2007.

Muito tempo que nem ligo para o "Tempo, Pensamentos e Dedos". Não é nem uma questão de faltar assunto. É simplesmente porque minha cabeça anda muito ocupada com a Gabriela.
Ela nasceu. Dia 19 de janeiro, sexta-feira, vinte horas e trinta e dois minutos. Como escrevi lá no "Diário de Gabriela", a hora real foi dezenove e trinta e dois, descontando-se o horário de verão.
Pois é. Estou por . Voltarei também para cá em breve...

11 janeiro, 2007

Sem noção


11 de janeiro de 2007.

Este negócio de loteria é uma coisa de maluco. As pessoas se empolgam, sonham, deliram. Pensam em comprar. Discutem o que fariam com um prêmio milionário.
Anos atrás a Mega-Sena estava acumulada também e eu participei de uma discussão daquele tipo “o que eu faria”. Estávamos numa mesa de almoço, eu e mais alguns colegas de trabalho. Um falou dali, outro daqui, outro de acolá, e o carioca em silêncio, apenas ouvindo. Finalmente, quando alguém percebeu que só assistia os delírios, perguntaram:
- E você, Edu, o que faria?
Ele continuou em silêncio por mais alguns segundos e respondeu que a primeira coisa que faria era um testamento. A platéia aquietou-se, curiosa. Ele explicou que havia em sua família um caso: seu avô ganhara, certa vez, uma bolada, e faleceu algum tempo depois. A família entrou em guerra, dividiu-se, acabou-se.
Pensei, e creio que apenas não eu, sobre a racionalidade do que ele estava dizendo. Colocou a todos, de fato, a refletir. Cada um tirou suas próprias conclusões, mas ninguém compartilhou seus pensamentos. Eu, por exemplo, pensei que um testamento seria mesmo uma atitude sábia.
Ontem, dia de mais um sorteio milionário, resolvemos, na última hora, apostar. As filas nas lotéricas estavam imensas. A Clau reuniu as crianças e pediu que também dessem seus palpites. Mais tarde, antes de dormir e enquanto o resultado não chegava, começaram a brincar sobre o que comprariam, sobre o que fariam. Uma conversa sem noção. É muito engraçado ver como as crianças não têm a mínima noção do tamanho do dinheiro. Pensam em brinquedos, em jogos de vídeo-game, em coisas de criança. Na verdade, penso que ninguém tem mesmo a noção do tamanho do dinheiro. É coisa para ficar sem saber o que fazer. Representa uma mudança no estilo de vida e isto talvez seja muito difícil de se administrar.
O que fará o ganhador? Ele existe mesmo? Parece que ele sempre aparece, mas muito longe do nosso mundinho. É lá de Goiás hoje, foi do interior da Paraíba ontem, do interior de Rondônia numa outra vez. Sempre longe, escondido em algum canto. Por trás das cortinas, será que as personagens têm vida real?

Mais alguns trechos da matéria da Folha On-line:
O sorteio do concurso 832 atraiu um número de apostas dez vezes maior do que a movimentação média da loteria.
O concurso recebeu mais de 70 milhões de apostas e arrecadou R$ 111,6 milhões, segundo a assessoria de imprensa da Caixa.O prêmio pago é o segundo maior da história da Mega-Sena. O recorde foi o prêmio do concurso 188, realizado em outubro de 1999. Na ocasião, um bilhete de Salvador (BA) levou sozinho R$ 64,9 milhões.

06 janeiro, 2007

A nova linguagem escrita


6 de janeiro de 2007.

Herança do meu pai: gostar de escrever, gostar da língua portuguesa, gostar de ler quem escreve bem e coisas interessantes. Não gostar de textos mal escritos. Lamentar a qualidade do ensino brasileiro. Lamentar o fato de tantas pessoas não gostarem de ler. Pensar que ler muito ajuda a aprender a escrever, ajuda a cultura pessoal. Falar pouco, escrever muito.
Aí veio a Internet. Com ela, os bate-papos. Com eles as novas abreviações, novas palavras. Coisas difíceis de se compreender até.
Mas, de que adianta espernear, arrancar os cabelos, gritar que é um absurdo o que estão fazendo com a linguagem escrita? Infelizmente é um caminho sem volta. Há uma nova linguagem escrita e fico pensando como andam as escolas agora. Será que os alunos, nas provas e trabalhos escolares, escrevem “naum”, “aki” e todos os parentes destes? Será que a forma de escrever vai mudar? Até quando sobreviverá o jeito que aprendi a escrever? Como se comunicarão pela escrita os jovens com os velhos e vice-versa?
Ontem, por acaso, interessei-me por um filme que passaria no Telecine: Sociedade Secreta. Esperei. Chegou a hora. Vi um logotipo “Cyber Movie”. Na verdade já vira em algum anúncio, mas nem imaginei o que seria. Talvez apenas mais um título de programa como Sessão da Tarde ou Vale a Pena Ver de Novo... Mas não era.
O filme começou e vi as legendas em linguagem de bate-papo da Internet. Não acreditei. E agora? Será que vou entender? – pensei. Eu nem conseguia ler toda a legenda. Eu levava muito tempo decifrando algumas palavras. Dormi. Já era madrugada e meu esforço estava além da energia para a hora.
Triste. Mas, como já disse, não adianta lutar contra. É esperar para ver o que será o breve futuro.