26 julho, 2006

Doente


26 de julho de 2006.

Ainda estou meio em dúvida se devo escrever, mas vou acabar escrevendo...
É. Então vamos lá.
A masturbação, como já comentei em algum de meus posts no primeiro blog, é ainda um tabu. Pouco se fala, ou poucos falam a respeito, seja com o filho, com o namorado, com o amigo, com o irmão, com o marido, ou seja lá qual for o homem. O fato é que se alguém se atreve a falar, ouve certamente como resposta, em mais de noventa e cinco por cento dos casos, uma mentira. O homem nega esta coisa de adolescente.
Penso que enquanto passam os anos a masturbação diminui, mas não pára. Enquanto um adolescente é capaz de masturbar-se até cinco vezes por dia, um adulto com seus quarenta de idade talvez o faça uma vez por semana ou talvez até por mês (Será esta uma verdade ou, no mínimo, uma média real?). Considere-se também o fato de que ainda não cheguei aos sessenta, ou setenta, ou mais...
Bem, e por que estou escrevendo sobre isto? Para confessar que me masturbei? Sim, claro, mas o que quero mesmo é deixar registrado todo o fato, todo o motivo.
Logo na primeira vez em que fui à casa da nova sogra vi, em um dos quartos, um quadro com várias fotos da Clau. Era uma montagem, feita por ela própria, de várias fotos de um antigo “book”, da época em que tinha lá seus dezesseis ou dezessete anos. Apaixonei-me pelo quadro e, com uma imensa cara-de-pau, pedi:
- Sueli, você dá este quadro para mim?
- Você está louco?
É, eu deveria estar. Primeira visita e já saio com uma desta?
Poucos dias se passaram e eu voltei:
- Já que você não me dá o quadro, você poderia me emprestar?
Com aquele ponto de interrogação no rosto, emprestou.
Para resumir, mandei a uma gráfica de uma amiga, escaneei em altíssima resolução, tratei um pouco no Photoshop para tirar algumas manchas do tempo, ampliei quatro vezes, mandei imprimir e montar um painel.
O painel ficou grande. Não coube no carro para que fosse trazido, mas dei um jeito e trouxe na capota, todo amarrado. Tomou quase uma parede do apartamento onde morava. Ficou lindo.
Depois de pendurar sentei ali, bem à sua frente. E aqui entra a confissão: fiquei excitado, louco, feliz e... me masturbei.
Quando a Clau chegou em casa, tomou um susto. Tudo havia sido uma surpresa e ela, quando viu aquilo, só comentou:
- Você é doente.
Acho que sou. Mas feliz.

25 julho, 2006

Existe paz em São Paulo


25 de julho de 2006.

Quando nós caminhamos conseguimos enxergar mais. Quando olhamos para o alto, e nem precisa ser tão alto assim, também vemos coisas que nem imaginamos existir.
Embora eu não seja fotógrafo, e bem que eu gostaria de ser, penso que tenho um pouco dos olhos destes profissionais. Eles enxergam diferente, apreciam. É, apreciar talvez seja o verbo. Mais do que apreciar, ainda têm os ângulos. Muitos ângulos.
Bem, juntando os dois parágrafos, andar não só faz bem mas nos faz ver coisas maravilhosas. Até em São Paulo. Aqui há ruas que são verdadeiros lugares de paz. E com uma câmera na mão, coisa que sempre tenho mas não tinha ontem, é possível até registrar, ir além, buscar ângulos, buscar detalhes. Pensei em começar a fazer este trabalho particular: registrar que em São Paulo também há paz.
Estacionei na rua Afonso Ferreira, caminhei pela Teixeira Pinto. Estão bem perto de uma avenida de muito movimento, mas lá, quanto mais se afasta da talzinha, mais sossego você sente. Árvores, silêncio, casas lindas, enormes, mas na rua apenas os seguranças. Talvez seja para dizer aquele tipo de frase: "nem parece que estamos em São Paulo". Talvez os seguranças atrapalhem a frase...
Existe. Voltarei lá para registrar e para ilustrar melhor, depois, este meu post.

18 julho, 2006

Tornado, cadê você?


18 de julho de 2006.

Minha avó veio até São Paulo. Confesso que fiquei meio puto e meio desconsertado quando ela não se lembrou do nome da Clau. Desagradável. Mas depois emendou o soneto e a coisa melhorou. Começou a conversar sem parar, a contar casos, a dar risadas. E a Clau só ouvindo, dando a maior corda. Se estava gostando do papo ou não, ah, aí é outra história.
Vez em quando me chamava à conversa com um "lembra, Edmarzinho?". E dava risada.
Lembrou-se que eu adorava o Zorro. Completei dizendo que meus heróis de infância eram o Zorro e o Batman. Lembrei também que eu lhe enchia os ouvidos com um "vá, vó, vá logo!" quando ela me buscava na escola. Eu não podia perder nem a abertura de Vila Sésamo.
Voltando ao Zorro, ela contou que em um de meus aniversários me deu de presente uma capa e uma máscara do herói. Até aí, nada de anormal. No mesmo dia, porém, eu saltei da janela. A capa abriu-se como nas cenas em que o Zorro pulava de alguma janela. Mas, onde estava o Tornado, o fiel corcel negro? É, o meu não estava lá me esperando. Resultado: chão e perna quebrada.
A história foi contada em voz baixa, quase aos sussurros, para que meu pai não ouvisse. Minha vó completou dizendo que meu pai reclamou do presente e proibiu-me de usar. "Onde já se viu? Parece que não pensa para dar presente! Olhe o resultado e blá, blá, blá..."
Chegamos em casa e comentamos que minha avó, toda e sempre autoritária, sempre morreu de medo do meu pai. Engraçado como são as coisas, né?

17 julho, 2006

Homem é tudo igual?


17 de julho de 2006.

O agir é uma questão de consciência. No pensar, porém, talvez as mulheres tenham mesmo razão: os homens são todos iguais.
Eu, por exemplo, sempre mantive minha compostura e meu respeito. Penso que veio da própria educação moral e religiosa que tive. Cantada de uma mulher? Eu era inocente para não entender ou me fazia de desentendido quando entendia. Cair, só se estivesse rigorosamente descompromissado, como o caso da Cláudia (uma outra, não a minha atual) que contei tempos atrás (e blog passado também).
Bem, tempos atrás eu também mencionei a Roseli por aqui, uma japonesinha que era apaixonada por mim. Mencionei também a brincadeira, por mim inesperada, feita por meu pai.
Dia desses eu a encontrei. Trocamos, talvez, nossas primeiras palavras depois de anos. E é aí que entra o tal do pensamento do homem. Mais explicitamente, que vontade que dá de voltar no tempo e fazer o que não fiz. Mas, o negócio é deixar para lá.
Cheguei na casa de meu pai. Mais uma vez ele brincou comigo, mais uma vez inesperadamente. E eu, aqui com meus botões, continuo sem entender. Por um outro lado, penso. Penso bobagem, claro, como um homem qualquer.
É, seu bode, "esteja preso!"

07 julho, 2006

Socialmente integrado


7 de julho de 2006.

Minha mãe tinha uma amiga, a Dona Inês, com quem sempre conversava. Um dos assuntos de sempre era os filhos. A Dona Inês falava sempre do Serginho. Vivia preocupada: o Serginho não sai do quarto, não sai na rua, não tem amigos. Não quer saber de procurar um emprego. Dá aulas particulares de matemática e todas em casa, no seu quarto. Era uma preocupação.
Dia vai, dia vem, minha mãe perguntou dos gostos do Serginho. Um deles era futebol de botão. Minha mãe prontamente sugeriu que nós, seus filhos, eu e o Leandro, poderíamos tentar uma amizade, uma aproximação através do jogo. Nós, eu e o Leandro, éramos viciados na mesinha. Passávamos as férias escolares em campeonatos infindáveis.
- Liguem para o Serginho, o filho da Dona Inês. – E ela explicou-nos toda a preocupação da amiga pelo problema anti-social do filho.
O Serginho era bem mais velho do que nós. Era mesmo tímido, poucas palavras, nenhum sorriso. Marcou de nos encontrarmos na sua casa.
Campo? Não tinha. Jogamos no piso de tacos mesmo. Ganhamos, eu e o Leandro. Ele não se conformou. Disse que quando jogava, quando ainda moleque, ninguém o batia. E empolgou-se. O fato de ser derrotado o fez querer treinar mais para ganhar. Sugeriu um campeonato, comprou até medalhas. E começou a sair de casa. Ia até nossa casa jogar. Também levávamos o campo até a sua casa algumas vezes. Pronto. Tornamo-nos amigos.
Depois disto o Serginho mudou de vida. Começou a sair, a conhecer gente e encontrou até uma namorada. Casou tempos depois.
Fico feliz de lembrar desta história. Fico feliz por ter participado dela. Mas, e o Serginho, onde andará? Nunca mais nos vimos.

02 julho, 2006

Emoção que não deveria ser nova...


2 de julho de 2006.

Já pai de dois, descobri que ainda não vivi todas as emoções de um filho. Aliás, pensando bem, filhos nos proporcionam emoções a cada dia e cada nova manhã haverá de trazê-las, sempre. Novas ou repetidas, e mesmo as repetidas terão nova intensidade.
Dia 29 levei a Clau para o primeiro ultra-som. Sete semanas e quatro dias, treze milímetros e o coração a cento e cinqüenta e oito batidas por minuto. Sem dúvida o momento mais emocionante. Ouvir o coração. Eu jamais tivera esta experiência. E foi lindo! É o milagre da vida.
Viva a vida!