27 julho, 2010

Festa no Buffet

27 de julho de 2010.

A Gabriela foi à comemoração dos 45 anos de casados dos avós. Uma reunião de família, com tios-avôs, tios, primos de primeiro e segundo grau, várias crianças. Foi um encontro num buffet, único espaço que poderia receber tantas pessoas que há muito nem se viam, exceto por fotografias.
É claro que não foi a primeira festa em buffet na qual ela foi, mas esta, por algum motivo, foi especial e mais marcante. Saiu de lá dizendo que ela quer também o aniversário dela num buffet. Uma festa da Hello Kitty.
- Por que, filha, você quer uma festa no buffet?
- Porque é legal, pai! Tem muitos brinquedos...
Ontem ela voltou ao assunto.
- E se o papai não tiver dinheiro para fazer a festa no buffet?
- Eu tenho dinheiro, pai! 
Pegou sua bolsinha, pesadinha de moedas, e foi tirando de lá muitos centavos, alguns poucos reais.
- Pronto, pode ficar! Agora você faz a festa da Hello Kitty no buffet para mim? 

26 julho, 2010

A Fórmula 1 é um circo onde os palhaços somos nós!

Por AIRTON GONTOW*

A Fórmula 1 é um grande circo, onde os palhaços somos nós, que acordamos ou deixamos de dormir para acompanhar seus treinos, corridas, constantes mudanças de regulamentos e maracutaias.
É uma competição em que homens correm em desigualdade de condições e a máquina decide muito mais que o piloto.
Torcemos e vibramos com títulos de falsos heróis que geralmente tiveram condições muito superiores aos adversários.
Tantas vezes vemos um piloto conquistar o título em um ano e no seguinte chegar no pelotão intermediário em quase todas as provas.
Perdeu porque piorou?
Não, simplesmente porque o carro já não é o melhor.
Há pilotos brilhantes que passam a vida criticados porque nunca tiveram a sorte de contar com o melhor carro.
Não sou especialista e estou aberto a argumentos contrários, mas não esqueço que o tão criticado Mansell – o desastrado, o destruidor de carros – foi depois campeão da F-1 (92) e da Fórmula Indy em 93, em seu ano de estreia da categoria.
Geralmente a F-1 é uma disputa limitada a pilotos de uma ou duas grandes equipes, que competem com máquinas equivalentes, como vimos nas inesquecíveis disputas entre Senna e Prost, como em 88, quando a McLaren venceu 15 das 16 provas (oito vitórias de Senna, sete de Prost e uma de Berger da Ferrari).
E até esse pequeno gosto é retirado do público quando acontecem marmeladas como esta, mais uma vez capitaneada pela Ferrari.
Aí sim o homem decide na F-1.
Decide fora da pista, quando acontecem as ordens para os segundos pilotos cederem seus lugares ao primeiro piloto, como vimos hoje com Felipe Massa e Fernando Alonso; em 2002, no GP da Áustria, quando Rubens Barrichello desacelerou sua Ferrari para deixar Michael Schumacher ganhar a corrida e em tantas outras vezes na história.
O que aconteceu em Hockenheim foi uma vergonha.
Pior do que a atitude na pista, foi a justificativa de Felipe Massa fora dela. “Sou um homem de equipe”, justificou.
Por ser homem de equipe, Nelsinho Piquet bateu o carro no GP de Cingapura, em 2008, para favorecer seu companheiro Fernando Alonso.
Aliás, alguém consegue explicar porque o piloto espanhol não foi punido pela FIA e ainda foi contratado pela mais famosa das equipes?
Acredito que quase tão ruim e conivente com a imoralidade quanto ver um espetáculo circense construído à custa do maltrato aos animais é assistir ao circo podre desta categoria que cada vez menos tem o direito de ser chamada de esporte.

*Airton Gontow é jornalista e cronista.