20 julho, 2007

Quando o menino olha para o lado


20 de julho de 2007.

O Marcelinho fez aniversário no dia 31 de maio. Onze anos. A comemoração aconteceu no boliche do Central Plaza Shopping, na terça-feira seguinte. Chegamos um pouco atrasados e a galerinha já estava lá, toda distribuída em seis ou sete pistas. Depois de "fazer uma social", também fui jogar um pouco. Observei, a partir daí, algo diferente: os amigos, meninos, estavam todos se divertindo. Nas duas primeiras pistas, apenas meninas. Apenas? Não! O Marcelinho estava lá.
O tempo passou, passou, e nada de eu ver o aniversariante com os amigos. Saíram todos das pistas para cantar o Parabéns. Os amigos, os mais velhos, já com doze, treze, catorze anos, chamaram-no de lado. Cochichos para lá e para cá, algum corre-corre, um alvoroço. Veio uma criança e denunciou o que estava acontecendo:
- O Marcelinho vai beijar a Carol!
Entendido: o menino começou a olhar para o lado. Até aquele momento, o olhar era fixo e sempre à frente. Apenas os amigos, a bola, o vídeo-game, o futebol na TV e no estádio com o pai, apostilas em vésperas de provas. Mas agora... olhou para o lado. Ali, uma menina, uma linda menina. Ela, que já como outras poderia estar encantada por um "rapaz" mais velho, da sétima ou oitava série, estava ali, querendo o beijo, o primeiro beijo. Os meninos mais velhos aconselhavam o Marcelinho, cochichavam e riam, empurravam, falavam alto, às vezes, palavras de incentivo: "vá lá!" E ele, envergonhado, sem saber muito o que fazer, ou como fazer, e louco para fazer. Envergonhado talvez nem seja o termo e sim, perdido.
Ah, como é bom quando a gente olha para o lado e vê uma linda menina. É algo mágico, arrebatador, que nos toma quando chegamos aos onze, doze. É um sentimento que agora, adulto, também adoro sentir. E que muitos já não sentem mais. Parece que o sonho acaba, a mágica já perdeu seu segredo. Não para mim. Eu ainda amo, apaixonado. Clau, eu amo você e ainda adoro olhar para o lado!

19 julho, 2007

A cara do dono


18 de julho de 2007.

Certa vez recebi um e-mail que, penso, muitos devem conhecer, com fotos de pessoas ao lado de seus supostos cachorros. A idéia era mostrar as semelhanças, um jeito de dizer que as pessoas buscam até animais que se pareçam com elas próprias, que sejam um complemento de sua vida.
Penso que muitas coisas, senão todas, funcionam assim: acabam por ter a "cara" do dono, o jeito do dono, o desempenho do dono. Carros, por exemplo. Já pegou um carro para dirigir, cujo dono mal sai de casa e, quando o faz, é daqueles que andam, sem pressa, a uma velocidade bem menor que a normal da via, atrapalhando e amarrando o trânsito? Parece que ao dirigir este carro nós também não conseguimos "desenvolver". A máquina está travada. Respeite seu ritmo, ou esqueça! E microcomputador? Principalmente os de uso residencial também parecem trabalhar somente no ritmo do dono. Ou é um avião ou um bicho-preguiça. O pior é quando o bicho-preguiça tem recursos e mesmo assim se recusa a obedecer, a sair do lugar.
Curioso este assunto. Difícil de entender. A razão não explica. Mas que acontece, acontece.