22 abril, 2011

Prendas domésticas


Nelson Motta - O Estado de S.Paulo, 22 de abril de 2011.

"Há uma ascensão social incrível. A empregada doméstica, infelizmente, não existe mais. Quem teve este animal, teve. Quem não teve, nunca mais vai ter. "
Na imprensa, o que mais chocou na frase do professor Delfim Netto em um programa de televisão foi o "animal" em extinção. Mas pior foi o "infelizmente".
Com sinceridade contundente, o professor não exagera ao dizer que a sociedade brasileira se habituou a conviver com empregadas domésticas como animais, algumas até de estimação, tratados com carinho e mimos, como os escravos que serviam na casa grande. Só que agora ganham algum dinheiro e não precisam fugir da senzala para trabalhar em outra casa e mudar de feitor.
O que Delfim lamenta que esteja acabando é essa empregada doméstica à disposição 24 horas por dia, como uma escrava remunerada. Felizmente para nós, estamos aprendendo a comprar um serviço - em vez de alugar uma pessoa. As diaristas já mereceram até um seriado de televisão de sucesso.
Elas fazem a comida, arrumam a casa, lavam e passam a roupa, e vão embora - para vender seus serviços em outra casa. Sem participar das intimidades e fofocas da família, sem fidelidade canina, sem abusos e humilhações - mas com a obrigação de um serviço melhor e mais rápido, para ter mais tempo para trabalhar em outras casas e melhorar a renda.
É assim que vivem, há muitos anos, milhões de faxineiras, cozinheiras e baby-sitters nos Estados Unidos, profissionais autônomas que ganham por hora ou por diária e conseguem viver com conforto e dignidade em suas casas, com suas famílias.
Quem faz a nossa comida, limpa e arruma a nossa casa, cuida de nossos filhos, presta serviços de grande responsabilidade e merece, não só um pagamento justo, mas todo respeito e, às vezes, eterna gratidão. Muitas vezes há mais nobreza em servir do que em ser servido.

Mas só vamos ter certeza dessa ascensão social incrível quando as imobiliárias começarem a lançar apartamentos de luxo sem quarto de empregada, como na Europa e EUA. Até lá essa arcaica e perversa forma de convivência social brasileira ainda tem muito chão para limpar.

12 abril, 2011

Foreigners


12 de abril de 2011.

Um pouco de trânsito em São Paulo e vemos muitos foreigners andando e experimentando o famoso pára-e-anda, a primeira, segunda, primeira e segunda marchas e um longo ponto morto. Consegui registrar a origem de alguns visitantes, mas nem contei com os de Guarulhos, Barueri, São Bernardo do Campo, Santo André, Mogi das Cruzes... Esses estão sempre por aqui, já são de casa. Descobri depois que uma das placas fotografadas também é de mais perto do que o que meu conhecimento me permitia saber: Piracaia fica a 62 quilômetros daqui, um quilômetro a menos do que Mogi das Cruzes que eu não quis fotografar.
Bem, então é o seguinte: o que aparece aí na foto, em ordem crescente de distância, é Piracaia, 62 km, Curitiba (a foto mais clara que quase não se identifica), 408 km, Joinville, 535 km, Belo Horizonte, 586 km, Goioerê, 653 km, Campo Grande, 1.014 km, Salvador, 1.962 km e, finalmente, Aracaju, 2.187 km.
Mais uma diversão no trânsito... 


Para visualizar melhor a imagem, com mais detalhes, clique sobre ela.

06 abril, 2011

Choice

6 de abril de 2011.
O título, "Choice", acabou de vir enquanto eu procurava uma imagem para o texto. Achei uma, de uso não livre, que simboliza bem o assunto.
Assisti hoje, no GNT, Magros vs Obesos. Nem sei se peguei o programa do início, e acho que não, mas as cenas são marcantes para quem vive um dilema entre a consciência e o físico. Uma magra bem magra e um gordo bem gordo trocando suas dietas. Um magro bem magro e uma gorda bem gorda trocando suas dietas. A convivência e essas trocas ocorrem por uma semana. Antes, porém, tirada de medidas. Antes da magra versus o gordo, uma demonstração do que cada um come. Toda a alimentação de cada um dos dois jogada em um grande frasco transparente. A magra achou demais o que come, antes de ver o que era o volume de alimentação do gordo. Impressionante. No final do programa, cada um aprendeu alguma coisa e saiu para viver mudanças. Severas, ou nem tanto assim, mudanças.
Eu, que ando comendo demais, quase que sem controle e, sim, simplesmente pelo impulso de ver, pegar e consumir, fiquei tocado pelo conteúdo de todo o programa. Minha consciência já me cutuca há tempos, antes mesmo de eu chegar e cruzar a linha rumo à obesidade grau 1. E eu não mudei qualquer hábito. Eu não me policiei até hoje. Eu, pelo contrário, só continuo caminhando rumo ao pior.
Acorde, Júnior! Acorde! Acorde antes que seja tarde. 

05 abril, 2011

Um Happy Birthday da NFL

5 de abril de 2011.

Aniversário chegando e eu nem me lembrando. Na verdade, já não faço questão de lembrar. Não é pela idade, não. É pelo fato de não querer comemorar mais, de não ter motivação. Descobri através dos anos que os amigos são raríssimas pedras preciosas. Raríssimas! É duro descobrir que entre seus contatos, entre as pessoas que estão e fazem parte do seu cotidiano há outros interesses. A embalagem é de amizade. O conteúdo... Triste. É um nada. A verdade, nua e crua, é que não se tem amigos disponíveis. Aliás, nem a palavra disponíveis precisa ser colocada no final da frase: não se tem amigos, e ponto.
Bem, e qual a relação da imagem com o texto de hoje? Ela veio em um e-mail da NFL para mim, congratulando-me por mais um aninho. E não é que eu gostei, tanto da mensagem quanto da sugestão de consumo? Não, o aniversário ainda não chegou. A mensagem é que está propositadamente adiantada.

04 abril, 2011

Internação

4 de abril de 2011.


Gabriela internada. Primeira vez. Crise de bronquite que eu espero não virar constante. O dia, a programação, vira de cabeça para baixo. Os contatos tem que ser feitos do hospital, compromissos desmarcados... Tudo muda. É um inesperado que você nem gostaria de enfrentar. Mas... chega uma hora em que temos que parar. Talvez seja bom até para mim mesmo. A internet vira seu lazer, um lazer que há tempos nem se tem.
Humpf, como resmungaria o Tio Patinhas.