28 novembro, 2007

Curvas


27 de novembro de 2007.

Estavam já de saída da visita que nos fizeram e, enquanto esperavam a mãe acabar a conversa, colocaram a bola para rolar na rua. Brincadeira apenas, desajeitada. E eu fiquei ali, olhando, louco para que ela viesse parar nos meus pés. Eu sempre fui assim, maluco pela bola. Quando menino, adolescente, e até quando joguei, ela tinha que chegar nos meus pés. Tinha que chegar e parar, ficar comigo um tempinho a mais. Isto no bate-bola, no aquecimento. No jogo eu nem largava. Que me parassem, qual fosse o jeito.
E a bola chegou. Toquezinho por baixo, de leve, ela subiu e eu dei com a parte externa, meio de trivela, um passe para o Leandro, em curva. Preciso. Era matar e continuar.
- Nossa, pai, o tio é melhor que você!
Meu irmão nem respondeu, entretido na brincadeira. Continuei apenas olhando. Saudades daquela curva infinita. Das curvas que eu produzia num cruzamento preciso, para a cabeça do centroavante. Curvas de um drible curto, desconsertante.
As curvas são lindas, emocionantes, cativantes.
Nas estradas são a melhor parte. As curvas fazem com que eu goste das serras. Esquerda. Direita. Com menos freio quanto possível. E ainda encontro a curva do vento.
E na mulher? Ah, as curvas da mulher... Dos cabelos, da face, dos olhos, dos lábios, dos ombros, dos seios, da cintura, do quadril, das pernas, dos pés... Curvas para se perder sem se preocupar com a volta. Curvas quentes, lisas, cheirosas, gostosas. São muitos adjetivos.
Melhor parar. Mas parar redondo. Perfeito. E ficar admirando a bola, que até oval é linda.