02 dezembro, 2006

Pare


2 de dezembro de 2006.

Muitas pessoas têm rotinas. Hábitos que também repetem dia após dia.
Usei o metrô durante vários anos, quando trabalhei no centro de São Paulo. Mesmos horários de ida, mesmos de volta, pegar o metrô no mesmo lugar da plataforma acabam por fazer a gente encontrar mesmas pessoas. Continuam e continuarão desconhecidas, mas a fisionomia já se torna familiar. Podemos até ficar pensando como são, o que fazem, para onde vão, com quem e onde moram. Algumas conversas podem ser ouvidas e um pouco até é possível descobrir.
Restaurantes também costumam ter os mesmos clientes com algumas variações. O horário de almoço de cada trabalhador é mais ou menos determinado pelas empresas e as pessoas acabam por freqüentar os mesmos lugares. Um dia ou outro dão uma variada, mas também variam entre dois ou três, talvez quatro lugares para consumir sua refeição.
Em metrópoles como São Paulo as pessoas comem depressa, mesmo quando acompanhadas e com uma boa conversa. Têm mais afazeres como ir ao banco, a uma lojinha básica, ou resolver qualquer problema particular. Todos correm. Uns voam.
Onde tenho almoçado descobri um diferente. Chega ao restaurante quando já são quase duas da tarde. O movimento já é menor e há mesas para escolher. Chega sempre com um jornal ou uma revista. Serve-se de salada e frios e come com calma, saboreando junto uma leitura. Depois faz o seu prato quente. Continua sereno, alheio ao que o rodeia, e lendo com muito interesse. Dia destes eu não me contive. Manifestei ao homem minha admiração por sua tranqüilidade, por sua leitura, por fazer da hora de seu almoço um momento sagrado. Ele sorriu, agradeceu, comentou que é bom que seja assim, que é importante que seja assim, que é necessário que seja assim. E despedimo-nos.
É interessante ver alguém diferente da maioria. Acaba se destacando. Acaba chamando a atenção dos mais observadores. Faz a gente pensar um pouco e puxar também o nosso freio de vez em quando. Realmente é importante e necessário ter momentos de tranqüilidade, ter momentos de prazer. É muito bom deixar o mundo continuar correndo enquanto a gente pára um pouco. Pare.

1 Comments:

Blogger Rainha de Copas said...

Ser diferente é bom. Mas tem suas desvantagens, acredite!

11:20 AM  

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