17 janeiro, 2011

É como Marcela...



16 de janeiro de 2011.


Quando nós não sabemos, mas queremos saber, imaginamos. Caras de pau perguntam. Michele, porém, não imaginei. Eu estava apenas encostado, distraído, quando algo chamou minha atenção. Desviei meu rosto da parede de camisetas e era ela quem estava ali. Voltei e continuei a olhar pelo vão do meio do caminho. O que vemos, se belo, provoca um deleite instantâneo na alma. Foi o deleite que senti ao ver tudo aquilo, todas aquelas curvas, toda aquela delicadeza e formosura. Chegou. Perguntou. Quis. Foi aí que encontrei o fato de que a minha imaginação falhara. Perdoável. Michele também combina. É doce. É suave. É daqueles que, como Marcela, cai bem para qualquer das fases da vida. 
Fiquei e fico pensando no que eu faria se a porta se abrisse. E eu não tenho a mínima idéia, apesar de saber que desejo. Sinto-me, às vezes, incapaz, já ultrapassado pelo tempo e pelo peso. Velho, gordo, fraco, feio. É possível voltar? Sim, com esforço.
Olhar pelo buraco é sempre interessante. É uma aventura. É uma brincadeira de criança. É uma forma de bisbilhotar, investigar, espiar, como dizia a dona Laura. É emocionante, palpitante. Eu fico daqui procurando entre as frestas, entre os vãos, nos reflexos dos espelhos, onde estão aquelas colunas roliças, perfeitas, aquela estrada de curvas perigosas e encantadoras, curvas que levam à perdição, ao desconhecido. Que coisa! O que é isto? Que espetáculo é este que assisto sem ingresso a cada quinze segundos, minutos, dias? Sonho. É tudo sonho. Não deve existir. O fato é que me leva a escrever...